Após o final das férias e recessos, o retorno das atividades permite inclusão na rotina de ações efetivas em busca de mudança profissional

 As primeiras semanas depois das férias de verão são conhecidas popularmente como o “início oficial do ano”, por serem marcadas pela retomada das atividades rotineiras, o que contribui para a organização de um plano de ação para atingir as metas dos próximos meses. Este período de recomeço pode ser importante para incluir na rotina hábitos fundamentais para alcançar mudanças desejadas. Na área profissional, um dos objetivos projetados para o ano pode ser o processo de transição de carreira, que tem sido tendência no mercado de trabalho.

De acordo com a pesquisa divulgada pelo LinkedIn, no início de 2023, 60% dos profissionais brasileiros cogitavam mudar de emprego durante o ano, sendo que 20% deles já haviam iniciado a busca por novas oportunidades. Dentre os movimentos que envolvem a transição de carreira, a mudança de função pode ocorrer a partir de uma promoção do cargo atual, troca de empresa, alteração de atividades dentro da mesma área ou até uma alteração total de atuação profissional.

Para saber o tipo de mudança ideal em cada caso, é importante que o trabalhador reflita sobre o que tem gerado desconforto no âmbito profissional e o que está buscando para o seu futuro. “É preciso observar qual é a sua trajetória até aqui e para onde se encaminha neste momento”, orienta Janine Rocha, mestre em Administração e professora de Gestão em Recursos Humanos da FADERGS. Segundo ela, “a volta das férias e folgas estendidas é um bom momento para revisitar tudo o que se fez no último ano e para planejar o futuro”. A especialista aponta que o desejo de transição de carreira pode surgir nesse momento. “Às vezes, a reflexão gera um desespero, porque a pessoa percebe que gastou seus dias em uma função que não lhe dá plenitude. Quando a insatisfação é notada, é preciso analisar quais são as motivações para esse sentimento e também cuidar para não projetar uma ilusão de “tábua de salvação” nesse processo”, explica Janine.

A partir do gatilho de mudança, a fase essencial antes de qualquer passo é a definição de onde se quer chegar, identificando o que motiva a transformação profissional em tal direção. Pensando nisso, Janine orienta que a prioridade nesta etapa inicial é conhecer o terreno em  que se quer pisar. “Antes de partir para o planejamento, é importante gastar energia para entender como funciona o cenário na prática”, explica a professora ao ressaltar que essa aproximação deve ir além de pesquisas pela internet. Neste primeiro degrau, o profissional deve identificar quais são as habilidades e atitudes requeridas para atuar na função desejada e quais formações serão necessárias para alcançá-las.

Com a meta estipulada do profissional que deseja se tornar, é hora de se planejar financeiramente para essa jornada de transição, tendo em vista que pode ser necessário investir em cursos para aprimorar conhecimentos técnicos ou esperar para conseguir uma recolocação no mercado. Caso não seja preciso assumir o risco de abrir mão da função atual antes de ter oportunidade de um novo início, o desafio passa a ser a conciliação do trabalho que estiver exercendo enquanto busca ganhar novas experiências. A professora aponta que o processo de migração de carreira envolve a experimentação da prática diária, muitas vezes começando com atividades não remuneradas. “Nesse momento de ganhar expertise, o profissional também pode descobrir que não deseja seguir na direção planejada, sendo necessário saber lidar com essa frustração antes de uma mudança radical”, aconselha a professora, ressaltando que, mesmo nesses casos, o processo não haverá sido uma perda de tempo, pois são conhecimentos que continuam sendo úteis.

7 passos para uma boa transição

Pensando em ajudar quem está iniciando esse processo, a professora da FADERGS revelou sete dicas para ajudar todo profissional que esteja buscando por mudanças na carreira. São elas:

1. Exercitar o autoconhecimento: reflita sobre suas motivações para mudar de carreira e o que você está buscando neste momento.
2. Estudar sobre a função que gera interesse: identifique quais são as habilidades e atitudes requeridas para este trabalho.
3. Realizar um planejamento financeiro: se prepare financeiramente para investir tempo e dinheiro para se profissionalizar.
4. Buscar contatos: pesquise pessoas que realizaram a formação profissional necessária para buscar uma aproximação da realidade.
5. Ganhar experiência com trabalho voluntário: busque oportunidades para começar a praticar seus aprendizados sobre a nova função mesmo que em vagas de voluntariado ou prestando serviços gratuitos.
6. Usar redes sociais para portfólio: aproveite para atualizar suas mídias sociais, principalmente o LinkedIn, com as atividades que lhe geram expertise nesta nova atuação.
7. Estabelecer metas com prazos: defina o tempo que você deseja investir na etapa de formação, as datas de atividades de imersão na profissão e, ainda, quando você pretende começar a ganhar experiência.