Dia do Cacau e Páscoa: como consumir chocolate de forma saudável
20 / Março / 2024
Nutricionista explica de que maneira o cacau pode ser um aliado na mudança para hábitos saudáveis de alimentação
Que chocolates e Páscoa têm tudo a ver, é fato consumado. Mas em 2024, essa combinação ganhou uma coincidência especial. Próximo à data que põe fim à quaresma teremos, também, comemorado em 26 de março, o Dia do Cacau, a principal matéria-prima do doce que está entre os mais amados dos brasileiros. Assim como o feriado, o fruto também faz parte do imaginário e do paladar da população nesta época do ano.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), neste período de festividade, além do consumo de chocolate ser intensificado, a produção também tem aumentado anualmente. No ano passado, os itens de chocolate para a Páscoa tiveram uma alta de 21% comparados a 2022, conforme o levantamento anual da instituição.
Fora do período de ovos de Páscoa, o consumo de chocolate também faz parte da alimentação, já que, em média, cada brasileiro consome 3,9 kg em um ano, segundo dados de 2023 da Abicab. Entretanto, mesmo sendo uma paixão nacional, o chocolate tem sua qualidade nutricional questionada, estando frequentemente relacionado a hábitos alimentares negativos.
Por isso, quem busca uma vida saudável, sem abrir mão do doce, tem o cacau como seu principal aliado. A presença do fruto na composição do chocolate pode fazer toda a diferença, trazendo benefícios à alimentação. “O cacau é riquíssimo em antioxidantes, com vitaminas como A, B1 e E, além de minerais importantes como Selênio, Magnésio e Zinco”, destaca Rochele da Silva Boneti, nutricionista com mestrado em Gastroenterologia e professora de Nutrição na FADERGS.
Apesar de ser o ingrediente principal da quase totalidade de chocolates do mercado, a nutricionista explica que os ativos do cacau só podem ser absorvidos corretamente pelo organismo em produtos em que a presença seja acima de 60%. “Hoje em dia, é possível encontrar mais barras de chocolate com uma porcentagem adequada”, comenta Rochele, “muitas marcas já estão ligadas em atender o público que busca um chocolate mais saudável, com os benefícios nutricionais do cacau preservados”.
Sendo um dos alimentos mais rico em antioxidantes que existe, os resultados de um hábito de consumo diário de cacau, sem exageros, também pode ser visível. Segundo a nutricionista, “os benefícios desses antioxidantes estão relacionados à melhora da imunidade, fortalecimento de vitaminas do cabelo e da pele, além de proporcionar mais disposição”.
Entretanto, a mudança do consumo de chocolate tradicional para uma opção mais saudável pode ser difícil, especialmente no período de Páscoa. Por isso, a professora alerta para os cuidados de alimentação que são importantes nesta época.
Mudanças de hábitos alimentares
Como presente tradicional no período, os ovos de Páscoa apresentam uma variedade de sabores, além de embalagens que decoram os supermercados, atraindo a atenção dos consumidores. A professora Rochele, alerta que apesar de variadas, as opções especiais dessa época praticamente não apresentam versões que tenham um percentual adequado de cacau para manter uma boa qualidade nutricional.
Pensando nos desafios para o paladar acostumado ao chocolate, é possível preservar a tradição do feriado de uma forma mais saudável. A nutricionista recomenda abrir mão dos formatos especiais de símbolos da Páscoa, optando por barras de chocolate que tenham maior presença de cacau na composição.
A professora de Nutrição da FADERGS destaca que a atenção deve ser dobrada, tanto na porcentagem de cacau quanto na quantidade ingerida. “Quando alguém acostumado a comer chocolate compulsivamente busca uma reeducação alimentar, uma boa estratégia é utilizar uma barra de chocolate de 60% ou 70% para ir modificando o paladar”, indica ela. “Já pensando em um hábito diário de consumo desses chocolates, o recomendado é comer no máximo 30g (3 ou 4 quadradinho de uma barra)”, complementa.
O chocolate muitas vezes está relacionado ao consumo excessivo. Para não haver impacto por abstinência, indica-se a busca por um profissional para guiar uma reeducação alimentar. “Se a pessoa está com vontade de comer uma guloseima, ela deve comer, o mais importante é cuidar a quantidade nesses casos”.
O risco à saúde, segundo a nutricionista, está na compulsão. “O fato de comer um doce não faz ninguém engordar e nem impossibilita que a pessoa esteja saudável”, aponta a nutricionista ao comentar que existem formas melhores de consumo. “O mais importante para evitar exageros é não ter disponibilidade fácil a esses alimentos que são alvo dessa compulsão”.
Uma dica dada pela profissional é inserir o cacau na alimentação com sua versão em pó de 100%, podendo ser adicionado a receitas saudáveis. “Boas opções para utilizar o cacau em pó são: misturar em fruta ou em mousses de abacate”, recomenda Rochele. Quanto mais naturalmente doce for a fruta que acompanha o cacau em pó, mais próxima do sabor tradicional de chocolate fica a receita.
6 dicas para melhorar a relação com chocolate
Além de evitar os excessos neste período de comemoração, alimentar-se de forma saudável, segundo Rochele, demanda uma mudança a longo prazo. Por isso, a nutricionista indica alguns passos para uma alimentação melhor com hábitos a serem aplicados no ano todo.
A professora da FADERGS revelou dicas para tornar a relação com o chocolate mais saudável. São elas:
- Optar por chocolates acima de 60% de cacau;
- Adquirir porções pequenas de chocolate;
- Não ter um estoque de doce;
- Não ultrapassar o consumo diário 4 quadradinhos de uma barra;
- Experimentar o cacau em pó em diferentes frutas;
- Evitar exageros.